一 Bom dia, Nico!
Me sentei ao lado de Nico, o lugar que vai ser meu por todo o semestre. Parece até que o universo conspiro para que isso acontecesse. Em um ato de resistência, Nico não me responde nem olha na minha cara.
一 Bom dia, classe. 一 Deseja o professor. 一 Hoje vai ter teste em dupla de matemática. Vocês vão fazer com sua dupla de carteira. Papel pra rascunho, lápis, borracha e caneta na mesa, pessoal. Bora que bora!
Abro um sorriso brilhante para o moreno do meu lado, que me encara como se quisesse me matar. Não o julgo.
Fizemos o teste juntos e em silêncio a maior parte do tempo. Depois que entregamos, arranquei uma folha do meu caderno e troquei bilhetinhos com o moreno, insistindo até que ele respondesse minhas perguntas. Ele é meio fechadão, um jeitinho amargurado, mas cede diante de meus esforços.
No intervalo, sigo-o e nos sentamos juntos. Mostro minhas músicas favoritas a Nico, que resmunga e me ignora enquanto canto os versos. Olhando pelo lado bom, ele não está sendo hostil ou agressivo, o que facilita as coisas. Com bastante persistência, sei que consigo amansá-lo e fazê-lo me responder com frases completas.
Na volta do ônibus, vejo-o sentar no assento alto e ocupo o lugar ao seu lado. Canto pra ele a viagem toda algumas músicas. Ele batuca no banco da frente o ritmo, sinal de que está me ouvindo e de que está curtindo.
Quando Nico tem que descer em seu ponto, aperto seu ombro e sorrio. Seu corpo fica tenso, a boca se contorce em uma tentativa despreparada de retribuir o sorriso e ele corre para a frente do ônibus, onde desce e não me olha outra vez.
Tímido, retraído... Ele precisa de amor e companheirismo mais do que qualquer pessoa que já conheci. E eu estou aqui, não é?
Pondero sobre isso antes de dormir, a lembrança da surpresa em seus olhos quando o toquei e simplesmente sorri rebobinando sem parar.
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