Cunhados

 



 Will estava estressado. 

 A enfermaria estava cheia desde o último Captura a Bandeira e muitas fofocas circulavam por aí. 

 Ainda estava meio que flertando com a ideia de casar com Nico, incerto se o filho de Hades queria uma cerimônia ou uma festinha mais íntima. Algo mais simples, apenas para amigos realmente próximos, e depois algo só os dois, talvez fosse uma boa...

 Além disso, seu mais novo irmão de chalé, Andrew Torquato, estava sendo paquerado por ninguém mais, ninguém menos, que Harley, do chalé de Hefesto. Harley tem 14 e Andrew tem 13. Por causa das idades próximas, vivem pra cima e pra baixo juntos.

 Andrew é brasileiro, mas sua mãe deu-lhe um nome americano, sabendo que não morariam no Brasil por muito tempo. Bem, isso facilitou a adaptação do garoto. O nome e também a aparência. O menino tinha puxado quase 100% a Apolo. Cabelos loiros, ondulados; olhos azuis (embora muito claros, em tom pastel); pele levemente bronzeada; sardas... e uma sensibilidade sonora que mais parece uma maldição do que uma benção.

 "Ah, mas por quê fofocas estão circulando?"

 Harley ficou feliz que a equipe de Andrew ganhou o Captura a Bandeira e O BEIJOU. Simplesmente, puxou-o pela cintura e beijou-lhe os lábios. O queixo de todo mundo ficou no chão. Andrew ficou com as orelhas vermelhas de tanta vergonha. Não teve coragem de olhar nos olhos de ninguém. Harley não parecia preocupado, nenhum pouco. 

 O filho de Hefesto passou o braço pelos ombros do mais baixo (poucos centímetros de diferença) e o levou para perto dos campistas da equipe vermelha. Ambos ficaram conversando, de boa. Mas todo mundo olhava pra eles, analisando e interpretando pormenores. 

 E... Digamos que Kayla decidiu que gosta de Sophie, uma filha de Quione super doce e gentil. Tímida até dizer basta. Ela consegue ser ainda mais tímida que Andrew, que fica de fone de ouvido 95% do tempo pra não ser incomodado. Agora Kayla está tentando conquistá-la e não está sendo nenhum pouco sutil ou discreta nas cantadas. 


— Oi, cunhadinho. — Cumprimenta Harley ao entrar. — Malcom Pace torceu o pulso escalando a parede de lava. Poderia ajudar? 


 Will encarou-o mortalmente, desejando que o apelido fosse uma piada. Andrew estava separando medicamentos e corou muito ao ouvir a interação deles. Solace percebeu, mas preferiu não dizer nada. Conversaria com eles depois, em outra oportunidade.

 Mais tarde... 


— Sophie, esse é o Will. — Apresentou-os Kayla quando ela viu o irmão colhendo morangos para Nico. — Pode chamá-lo de cunhado, se quiser. 


 Sophie cora, ajeitando a trança e mexendo em um colar no pescoço. Ela costumava usar um cachecol, mas, por causa do clima mais quente, não o usa no acampamento. 


— Sério, não precisa... — Murmura ela, constrangida. 


— Ele não vai se importar, né, Will? 


 O loiro a encara, sério. 


— Por favor, não.


 Sophie se encolhe um pouco, desconfortável. 


— Eu disse. Não precisa, Kay. 


— Não! Que isso! Will... Por que está tão sério? Você tá tão tenso o dia todo. 


 Will respira fundo, junta os morangos em uma cestinha que tinha levado e saí dali, deixando as duas para trás.

 Algumas horas depois...


— Willie, babe... — Sussurra Nico contra o pescoço do loiro. 


— Sim, my angel? 


— Fiquei sabendo que você tem cunhados agora. É sério? 


 Will respira fundo. 

 Os dois estão deitados na cama de casal do Di Angelo no chalé 13, agarradinhos e quase dormindo. O loiro sente vontade de morder o ombro de Nico ou empurrá-lo pra fora da cama, talvez os dois. 


— Talvez. Nem Kayla e nem Andrew admitiram nada ainda, mas tá na cara que Kay gosta da Sophie e o Andrew é todo boiolinha pelo Harley. Eu só queria que me deixassem em paz sobre isso.


 Nico deixa um beijinho no pescoço do namorado pra tranquilizá-lo. A tensão em seus ombros é nítida. 


— Relaxa um pouco. Quando eles assumirem os respectivos namoros, vão te encher ainda mais o saco pra saber sua opinião. Apenas... dê apoio a eles e viva sua vida. 


 Solace mordiscou um ponto abaixo da orelha do filho de Hades, respirando fundo e deixando a tensão sair de seu corpo. 


— Não consigo desestressar sozinho. 


— Do que precisa? 


— De você a disposição. 


 Nico cora. 


— Para...? 


— Morder, beijar, apertar. Qualquer um desses parece bom pra mim. Só... exista aqui do meu lado um pouquinho. 


 O moreno riu, apertando a cintura de Will em um abraço. Pendeu a cabeça pro outro lado, dando acesso livre ao seu próprio pescoço. 


— Assim tá bom pra você? 


 O filho de Apolo sorri. 


— Tá excelente. Obrigado. 


— De nada, amor. 


— Casa comigo? 


 Nico arqueia a sobrancelha. Não podia acreditar que o pedido era sério. 


— Que? 


— Casa comigo, Nico? A gente faz uma festinha simples com nossos amigos e depois a gente transa. 


 Di Angelo sorri, o peito quentinho. 


— Parece um excelente plano. 


— Pois é. Só não engravida, por favor. 


— Que?!? 


— Se eu não tô pronto pra ser chamado de cunhado, quanto mais de sogro. 


 Os dois gargalham, se deleitando com a piada. O plano parece absolutamente perfeito para eles, apesar das brincadeiras. 


— Eu aceito. A gente casa quando? 


— Amanhã? 


— Perfeito. 


— Boa noite, noivo. 


— Boa noite, noivo. 



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