Nico se sentou de repente. Olhou para a cômoda ao lado da cama, vendo ali os rascunhos que tinha feito do que queria dizer a Will. Um sorriso surgiu em seu rosto, pensando que o objetivo final do que decidiu dizer estava perto. De levantando, espreguicou-se e correu para abrir a janela. Respirou fundo e sorriu mais.
Seu celular vibrou na cômoda, alertando-o que estava recebendo uma ligação. Ao pegar o aparelho, apenas atendeu, ouvindo:
— Bom dia, meu Neecks.
— Bom dia, meu Willie. — Sussurrou de volta, o coração palpitando. — Dormiu bem?
— Dormiria melhor se tivesse você aqui.
— Idem, minha vida. Quando você vem?
— Vou pegar uma torrada e já vou. Vou passar a manhã com você porque Frank e Jason vão na cidade vizinha comigo hoje à tarde.
O moreno fez bico porque odiava ficar tanto tempo longe do namorado, mas não reclamou.
— Quando você vai?
— Vou às 13:30 e volto antes de 20:00, prometo.
— Está bem.
— Não vai dizer nada?
— Não vou reclamar por ficar longe de você por seis horas, Solace. Não sou possessivo.
— Que pena. Porque eu sou. Ficaria maluco se você e sua irmã fossem pra outra cidade por muito tempo.
— Então por que você está indo?
— Frank quer comprar uma coisa específica pra se desculpar com Leo. Também quero comprar algo e Jason quer ver a praia.
— Vai ser um passeio legal...
— Vai ser, sim...
Silêncio. Apenas os batimentos cardíacos e as respirações calmas de ambos os apaixonados.
— Bem, daqui a dois minutos estou na sua porta.
— Mal posso esperar, meu sol. Beijo.
— Beijo. Te amo, meu Neecks.
— Também te amo, Willie. Com a minha alma.
• • •
Bianca bateu à porta antes de entrar. Ela segurava um prato em uma das mãos, contendo pizza, e olhou ao redor, fazendo careta. Nico estava em sua escrivaninha, revisando a declaração romântica que tinha escrito. O Di Angelo mais jovem ergueu os olhos para a irmã.
— O que foi, Bi?
— Você só sabe ficar nesse quarto. Credo.
Ele revirou os olhos.
— Que horas são?
— 19:17. Por quê?
Antes que o moreno abra a boca, ouve-se o telefone fixo da casa tocar. Reyna atende e o coração de Nico se aperta. Ele verifica o celular, religando-o na tomada depois que este descarregou. Reyna começa gritar ao telefone e o pavor dela consome o corpo de Nico quando ele vê várias chamadas perdidas de um número desconhecido.
— Nico! Bia! — Grita Thalia, vindo ao quarto. — A gente precisa ir ao hospital. AGORA!
— O que aconteceu?
Não importa o que a cunhada do Di Angelo disser, o moreno está prestes a desmoronar e vomitar ao tentar imaginar.
— Os rapazes estão no hospital. Acidente. Precisamos ir pra lá AGORA, meu amor.
Will sofreu um acidente e está no hospital, é tudo o que Nico consegue pensar.
• • •
Naomi chega pouco depois, desesperada e aflita. Nico a abraça, preocupado com seu estado de espírito incomum, mas ele também está imerso na ansiedade, na expectativa e no pavor. Está roendo suas unhas até a raiz, incapaz de acalmar a si mesmo ou ser confortado pelos outros.
Mais pessoas chegam, se abraçam e choram de medo. Tudo parece parar quando o médico responsável vem até o grupo.
— Sou o dr. Asclépio.
— Como eles estão? — Naomi pergunta.
— Jason teve uma forte pancada na cabeça e Frank está em cirurgia no momento. O carro que bateu no deles estava na contramão e em alta velocidade. A batida foi muito feia.
Nico estava prestes a explodir.
— Como está Will?
O doutor olhou-o, com pena.
— Nico Di Angelo. — Assentiu, depressa. — Eu sinto lhe informar, mas Will não resistiu. Ele era o único não usando o cinto de segurança e não sabemos por quê. Apenas com o depoimento dos rapazes que estavam com ele saberemos.
Tudo desmorona rápido e dolorosamente. Naomi caí no choro, inconsolável. Reyna e Bianca tentam abraçar Nico, mas ele as afasta. Ele cai de joelhos quando seu corpo treme. Ele entra em prantos, chorando tanto e tão intensamente a media que pensamentos o consomem. Seu choro é silencioso e imparável. Apenas lágrimas, breves soluços e espasmos.
Leo volta da ala veterinária com um grande labrador cor de cobre, chorando tanto que suas lágrimas formariam um dilúvio. Thalia o abraça, triste por ele e aliviada por seu próprio irmão.
Nada importa.
Quando visitas são permitidas, ele e Naomi entram pra ver Will. Ele estava... indescritível. Di Angelo achou que seu coração já não suportava mais até vê-lo e ter certeza. Nico se lembra dos ferimentos em seu corpo, das promessas que nunca serão cumpridas e dss lágrimas incessantes em flashes, mas não por inteiro. Foi traumático demais.
Em casa, Nico só sabia chorar e gritar. Gritava a plenos pulmões para extravasar a dor de alguma maneira. Gritava de dor, de tristeza, de pavor e de saudade até não conseguir mais nem sussurrar. Chorava por todas as lembranças, planos e promessas que tinham juntos e simplesmente se foram.
Nico sabia, a partir do momento que ouviu a notícia, que seu coração havia se partido em quintilhões de pedaços e nunca, nunca, voltaria a ficar inteiro outra vez.
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