Em Brasas - VI - que não pode recebê-las


 


 Corações acelerados, palavras a serem ditas e sentimentos a serem confessados. Will e Nico estavam nervosos para dizer a verdade um para o outro e para ouvi-la. Foram para um lugar reservado na arquibancada para poderem conversar com privacidade. 


— Posso falar primeiro? — Will disse ao se sentarem um de frente para o outro.


— Claro. Vá em frente. 


 O loiro pigarreou e respirou fundo. 


— Eu gosto de você há muito tempo. Me apaixonei a medida que íamos ficando cada vez mais amigos e eu ia te conhecendo. — Tomou fôlego. — Não me aproximei com a intenção de te conquistar. No fim, parece que eu que fui fisgado. Peço perdão se dei a entender o contrário em algum momento.


— Eu nunca sequer pensei em algo assim, mas obrigado por explicar. Continue. 


— Pra finalizar. Você é uma pessoa incrível com um coração enorme e eu amo tudo em você. Amo suas manias, seu jeito, como pensa, como age e definitivamente amo poder estar do seu lado. Eu amo sua essência e sua existência. Eu te amo, Nico.


 Di Angelo se aproximou dele, sentando mais perto e puxando as mãos dele para o seu colo. Apertou os dedos do garoto entre os seus, absorvendo as palavras. Seu coração batia, feliz. 


— Bom, é a minha vez. — Respirou fundo. — Eu nunca pensei que pudesse ter esse efeito em alguém. A ideia de ser gostado e desejado como você diz sentir por mim sempre pareceu absurdo. Nunca fui sociável, você sabe, e ter uma companhia foi uma novidade enorme na minha vida.


 Will abriu um sorriso, se lembrando de como se conheceram. Amava essa lembrança. 


— Ter você como amigo foi a melhor coisa que poderia ter me acontecido. — Continuou Nico. — E, a medida que fomos convivendo, eu fui me apaixonando mais e mais por você. Fui querendo estar mais perto e ser mais íntimo de você. Eu queria mais de você e ser mais pra você. Eu desejei você por tempo demais sem perceber.


— Nico, você não é "mais pra mim". Você é TU-DO pra mim. Você é o meu universo e eu te amo tanto que dói. Se eu pudesse fazê-lo se enxergar como eu te enxergo, meu anjo... — Suspirou, segurando o rosto dele com uma mão.


 O moreno fecha os olhos, aproveitando o carinho do Solace.


— A conexão que nós temos é especial


— Eu sei. Sinto na minha alma. 


— Eu também.


 Di Angelo abre os olhos e aproveita para mirar a face de Will. 


— Você não vai me beijar? 


 O loiro sorriu. 


— Agora não. Tô afim de ficar na vontade por mais um pouquinho. Quero fazer algo primeiro. 


— O que seria? 


 Ele desceu a mão para o pescoço, os olhos brilham em expectativa. Pigarreou. 


— Quer sair comigo? 


 Nico riu, pondo as pernas sobre as do outro. 


— Claro que quero. Onde iríamos?


— No shopping.


— Quando a gente vai? 


— Que tal hoje? Te dou um tempo pra se arrumar e aí nós vamos. 


— Eu topo. Às 13:45 você me busca.


— Combinado. 


• • •


 Nico queria ir de ônibus, mas Solace insistiu e pagou um uber. Chegando lá, almoçaram na praça de alimentação e foram as compras. Compraram mangás, chibis, livros, camisetas, moletons e HQ's. Lá pelas quatro da tarde eles lancharam no McDonald's.


— Biamca vai me matar por chegar com mais livros em casa. — Riu o Di Angelo entre uma mordida e outra. 


 O loiro sorriu, dando um gole do suco. 


— Você pode comprar um livro pra ela. Quero ver ela reclamar. 


— É uma boa ideia. Tanto que eu já comprei. 


 Ambos riram, voltando a comer. 


— Tenho algo pra você, Emo Boy. 


— E o que seria? 


 Will estendeu sobre a meda duas pulseiras de correntinha. Havia um anel e um pingente diferente em cada um. O que parecia pertencer a Nico tinha um anel dourado e um pingente de estrela. O que parecia pertencer ao Solace tinha um anel de caveira e um pingente de sol. 


— O anel que eu te dei...


— Nico, preciso te perguntar uma coisa. 


— Pergunte, Will. 


 Ele pigarreou. 


— Você aceita ser meu namorado?


 O moreno sorriu, tal qual um bobo apaixonado.


— Claro que aceito, seu bobo. 



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