Um dia, Nico estava em seu quarto, fazendo uma pesquisa para a faculdade, quando Bianca bateu à porta e entrou.
— Precisa de algo, Bibi?
— Eu... tava pensando. — Disse ela, se encostando na parede e olhando pro nada, parecia profundamente abatida. — Faz dois anos que Will se foi.
O moreno parou. Sua irmã tocar no assunto daquele jeito era meio estranho, mas deixou que ela seguisse a própria linha de raciocínio. Era mais do que óbvio que ela tinha algo a dizer.
— Você se lembra das primeiras semanas de luto? O absoluto choque de saber o que aconteceu? Você se lembra como foi as primeiras semanas depois daquele dia infeliz do acidente?
Bianca o encarava, a esperava por uma resposta. O Di Angelo vasculhou a memória, mas por fim se limitou a balançar a cabeça. Percebeu que ela tinha algo na mão. Muitos papéis velhos.
— Sabe... — Ela se sentou na cama. — Você está conseguindo lidar agora, mas os primeiros dias foram a definição de inferno para você. Talvez por isso não se lembre.
A irmã de Nico olhou para os papéis em sua mão, os olhos marejados.
— Incapaz de te ajudar, deixei que você entrasse numa bolha da própria depressão. — Uma lágrima caiu pelo rosto dela. — Eu te dei alguns papéis, na verdade te dei um caderno inteiro. Você frequentemente escrevia nele, guardava cartas e depois queimava junto com Reyna, como forma de desapegar. Eu queria ter te ajudado mais.
— Bia...
Nico se levantou com a intenção de abraçá-la, mas ela se afastou.
— Um dia, você tava dormindo, sem pesadelos, e eu aproveitei pra limpar seu quarto. Encontrei essas cartas embaixo da cama. Eu não li. Apenas guardei. Eu só... queria que você percebesse como melhorou a partir dessas cartas.
O moreno pegou as cartas estendidas por Bianca, cada vez mais preocupado por vê-la chorar.
— Obrigado, Bi. — Sussurrou. — Você salvou a minha vida.
Ela foi até a porta, parou. Não se virou.
— Eu queria que vocês tivessem tido mais tempo.
E saiu.
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