Depois que a música lenta acabou, pop rock começou a soar das caixas de som. Cansado, encostei-me em um canto afastado de onde podia ver Will dançando. O loiro sustentou o contato visual, o olhar penetrante me prendendo; Senti um frio estranho no estômago e mirei meus próprios pés, corando. Aquilo era novo, mas vinha aumentando rápido em frequência e intensidade. O que era? Nem suspeitava.
Estava quieto no meu canto quando Issac veio em minha direção. Ele tinha dois copos na mão e me ofereceu um deles. Como estava com sede, aceitei e agradeci. O líquido desceu rasgando pela minha garganta. Arregalei os olhos, surpreso com o gosto agridoce. Ao perguntar o que era, ele pareceu confuso, como se fosse óbvio que eu soubesse.
一 Nunca viu álcool na vida? 一 Arqueou a sobrancelha, duvidoso.
Dei de ombros e tentei uma segunda vez. O gosto não era ruim. Sem perceber, tomei tudo. Issac sorriu, indo buscar mais pra nós. Conversei com minha mãe em pensamento. Pedi desculpas por beber, confessei o sentimento estranho por Andrew e que eu tinha medo de ser algo ruim. Não queria perdê-lo.
Fiquei ali, bebendo e conversando por um tempo, as vezes olhava para Solace pelo canto do olho. Em algumas, ele também me observava, sorrindo. Eu estava bem feliz. Queria que o loiro ficasse do meu lado, mas não expressei esse desejo porque seria egoísmo. Ele é meu namorado e não um cachorro pra ficar me seguindo pra todo canto.
Mal sabia eu que ter a companhia de Will teria sido uma ótima ideia em minhas últimas horas sóbrio naquele dia.
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Não sei por quê, mas tudo parecia tão hilário que eu não conseguia parar de sorrir. Tinha umas meninas conversando comigo e as vezes ela falavam de alguém da festa. Eu não conseguia entender muito bem o que diziam, como se tivesse marshmallow nos meus ouvidos.
Ri quando um cara caiu e o ajudei a se levantar oferecendo a mão. O garoto sorriu, feliz, pra mim e o diálogo fluiu. Ele era legal e seu olhar acolhedor me lembrou Jason, o que me fez ficar ainda mais a vontade em sua presença; Matthew me encontrou pouco depois e pediu que eu o seguisse. Fiz sem questionar o por quê. É um amigo do meu sol, pensei. Não vai querer me deixar largado por aqui.
Mas eu me perdi de Matthew no meio da multidão que tinha. O apartamento não era lá muito grande, então o aglomerado era muito denso. Me deram outro copo com bebida e eu só ri. Bebi, indo para a posta de dança. Teve gente que veio falar comigo, mas eu só sabia falar de Will. Dizia para quem quisesse e não quisesse ouvir o quanto ele é maravilhoso. E, em meio a falta de pudor, soltei isso:
一 Ele também é um puta de um gostoso.
Saía de forma tão inocente e natural que os interessados em escutar riam, meio que achando engraçado eu falar dele assim, tão na lata. Eu não fiquei com vergonha. Na verdade, me senti muito bem por dizer o que secretamente pensava. Talvez a bebida tenha tirada o meu bom senso porque eu continuei especificando o que achava sexy em Will.
Eu conseguia notar nitidamente a vontade de rir da minha sinceridade, mas não parei. Uma garota, namorado da irmã do Issac, me encorajou a contar como eu conheci o loiro. Quando fui ver, já tinha contado minha vida toda. Ela pareceu surpresa e admirada com minha história. Pouco depois que eu terminei a parte do pedido de namoro, a namorada dela a chamou pra ir embora. Ela não quis ir.
Vaguei pela festa, procurando pelo Solace, mas eu já estava me cansando. Parei no balcão pra tomar alguma coisa, mas a bebida foi demais pra mim. Corri pro banheiro, segurando a ânsia de vômito para varrer cada canto do lugar na minha busca pelo meu sol. Eu queria vomitar tudo o que comi, mas minha determinação em achar meu namorado era mais forte.
Achei uma coisa, o banheiro. Regurgitei o que estava me fazendo mal. Matthew me encontrou e me deu uma escova de dentes para limpar a boca. Parecia preocupado com o meu enjoo. Eu não disse nada enquanto tomava água e aguardando que meu estômago parasse de doer.
Matthew me guiou no meio das pessoas, segurando forte a minha mão para que eu não me perdesse dele. Aparentemente, ele também não sabia onde William estava enfiado porque ele rodava tudo o que era lugar. Ignorei e apenas o segui, cansado e enjoado demais para sequer pensar em reclamar.
Cambaleei tantas vezes que precisávamos parar para ter certeza de que meu pé estava bem. Eu estava tão mal que vomitei até a água que tinha tomado pra forrar o estômago. Minha cabela doía, porém de forma suportável. Onde diabos Andrew se meteu?, me perguntei. Será que dormiu em algum canto e eu não vi? Véi, cadê ele?
Depois de alguns minutos, o encontramos. Estava sentado em um sofá, conversando com Issac. Quando o Solace me viu, levantou na hora. Pôs a mão na minha testa e deu um pulo, dizendo que eu estava muito quente. Eu sentia o corpo mole, mas me sustentei em pé. O loiro trocava informações com Matt, pouco prestando atenção em minha pessoa.
Cara, pensei. Que homem gostoso. Tudo nele o faz parecer um deus de tão perfeito. Os cachos, os olhos azuis, a altura, o porte físico, o sorriso, o jeito, a risada, o olhar, as sardas, a voz. Porra, que voz sexy do caralho. Mas não é apenas a aparência que cativa. Sua personalidade e o caráter o tornam alguém muito interessante. É tão bom conversar com ele. Passar horas abraçado, sentindo o calor de seu corpo se misturar ao meu.
O meu sol me pegou pelo braço, analisando cada centímetro do meu rosto. Parecia preocupado comigo e achei aquilo extremamente atraente. Sorri, mas Will não correspondeu. Havia algo em seus olhos, um tipo diferente de determinação. Era como se devesse me proteger e estivesse se decepcionando quando não me mantinha seguro. Ri de sua expressão.
一 Meu anjo, você está bem? 一 Quis saber, cuidadoso ao me tocar.
一 Melhor agora. 一 Fiz bico. 一 Te procurei por toda parte, mas ninguém parecia saber de você.
William corou. Eu raramente flertava.
一 Tem certeza de que está bem?
Cambaleei. Minha visão embaçou e segurei forte na mão do Solace para ter certeza de que estava de pé. Senti o gosto de bile na boca, o mundo girando a minha volta. Meu corpo amoleceu ainda mais. Andrew me sustentou em seus braços, vendo que eu estava realmente mal.
一 Sole, eu... quero ir embora. 一 Sussurrei.
一 E nós vamos...
Ele agradeceu a Issac pela festa, disse que mandaria mensagem quando pudesse e me deu o apoio que eu precisava para andar. A descida do elevador foi a última gota d'água pro copo transbordar, lê-se meu estômago dar três mortais e fazer outras nove manobras. Vomitei em uma lata de lixo.
O loiro me sentou em um canto confortável e pediu água ao porteiro. Tomei mesmo sem vontade. A minha mente estava um caos tão grande que eu não conseguia distinguir meus próprios pensamentos. Passei a mão pela nuca do meu namorado, puxando-o pra um beijo. Foi normal. Um beijo como os que dávamos sempre.
Will quebrou o ósculo gentilmente, sorrindo.
一 Sua boca é uma delícia com sabor de tequila e cerveja, mi amor.
Corei de surpresa.
一 Vou chamar um uber pra irmos pra casa. 一 E ele se afastou com uma piscadinha.
De repente, meu corpo ficou muito mais quente. Era aquela sensação outra vez. Um sentimento confuso que se resumia a uma pessoa: Solace. O meu sol chamou o carro, ficando do meu lado pra que ninguém se aproximasse. Apertei sua mão na minha. Andrew retribuiu o gesto, me olhando com carinho e atenção.
Quando o uber chegou, perguntou se eu me sentia bem para andar. Não tentei. Ele me pegou no colo, me colocando perto da janela e entrando em seguida. Me aconcheguei em seu peito, mas não era o bastante. Atrevido, sentei em seu colo e deitei a cabeça em seu ombro. Achei um canto entre seu ombro e o pescoço. ficando ali.
Se ele disse algo sobre ao motorista, não ouvi. Tudo ficou preto.
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