O dia não podia estar mais agitado. Quer dizer, até alguns minutos depois de agora.
Nico estava agarrado à Will, experimentando a sensação de seu corpo nu contra o dele. Acalmem-se, eles não fizeram nada e não farão tão cedo, talvez. Estão apenas curtindo o sentimento mútuo de paz que sentiam. Seus feromônios se mesclavam em uma mistura muito agradável à seu nariz. Contornava o mamilo duro do loiro com o dedo, distraído.
Uma de das mãos alheias estavam debaixo da própria cabeça, a outra se encontrando repousada em sua bunda. O moreno do passado infartaria se soubesse que estaria assim, tão próximo e tão íntimo de um alfa daquele jeito, com certeza.
Ignorando seus constantes pensamentos sobre isso, conteve um suspiro quando o polegar do namorado acariciou sua nádega com uma lentidão lascívia. Andrew, claro, não tinha segundas intenções com o toque, mas não tinha controle sobre o que o menor viria a sentir com o gesto e nem como o interpretaria.
Di Angelo engoliu a saliva acumulada na boca, fechando os olhos e deslizando a cabeça para o ombro de Will, afastando-se um pouco de seu peito. Ele se virou, deitando de lado e ficando cara a cara consigo. Deslizou um dedo pela maçã de seu rosto, sorrindo com carinho. Por um momento, seu coração vacilou.
Seus batimentos cardíacos estavam muito acelerados. Sentiu seu corpo e seu rosto esquentarem além do limite. Uma leve dose de adrenalina o percorreu. Gostava da sensação. Cada toque do alfa possuía esse efeito sobre si. Nico não tinha do que reclamar. Sentia-se amado. Cada pedaço de si sendo valorizado da melhor forma possível.
O loiro olhava-o, uma clara felicidade em suas íris azuis celestiais. O ômega não sabia o que dizer diante de seu olhar. Tinham conversado sobre aquilo, na noite anterior, mas não haviam feito nada. Apenas ficaram nus um perante o outro, se analisando e se contemplando minuciosamente. Tampouco haviam se tocado.
Nico já havia imaginado que, a essa altura do relacionamento, Will esperava por algo mais íntimo entre eles. Já havia imaginado se não estava frustrado por não terem tido nada que deriva de sexo. Temia que estivesse frustrado. Solace foi muito paciente ouvindo suas inseguranças e muito atencioso ao deixar claro que não o forçaria, enfatizando que o corpo era dele e ele que escolhia se queria com ele, se queria durante o namoro ou em outro momento, talvez.
O moreno ficou meio preocupado e receoso. Não seria normal um alfa sentir um desejo desenfreado pelo ômega que seu alfa interior havia lhe escolhido? Será que Will continuava com ele para não magoá-lo? Ao perceber essas paranoias em sua expressão, riu. Explicou que, sim, é normal isso acontecer, mas que se seguraria o máximo até que Di Angelo se sentisse confortável.
Clichê? Não, não é clichê. "Ih, um namorado esperando o outro querer foder. Que clichê! Mimimi". Vai tudo pra casa do caralho. Isso é o que vocês devem esperar da pessoa que vocês amam romanticamente. É isso que vocês devem esperar em um relacionamento saudável. Sem pressionamento sexual. Sem chantagem. Vocês ficaram doentes? Esperam menos que isso? Tóxicos!
O rosto de Will estava muito próximo do seu. Compartilhavam o mesmo ar. Suas respirações se embaralhando uma na outra. Beijou-o ternamente, não resistindo aos lábios rosados depois de encará-los por um tempo. O alfa correspondeu de imediato, puxando-o pela cintura para mais perto.
Nico arfou ao sentir suas pernas entrelaçadas com as do loiro, esfregando suas intimidades descobertas uma na outra. Andrew beijava-o com vigor, com a plena certeza de que nada mais importava. Com a satisfação de realizar seu desejo interior de eliminar qualquer distâncias física que pudesse haver. Sem pudor e sem nenhuma malícia.
Aprofundaram o beijo, as mãos do Di Angelo apertando seus ombros em busca de ainda mais contato. O músculo quente de William adentrou sua boca com a mesma maestria de sempre, enroscado-se devagar na língua alheia, sugando-a devagar enquanto espalmava as mãos em suas costas, descendo vagarosamente.
Seus lábios deixaram os seus, mas era mais que óbvio que não considerava a falta de ar um empecilho. Escorregou-os por seu queixo, percorrendo uma trilha invisível por seu pescoço pálido. Apertou a pele de sua coxa, fazendo com que o menor se desse conta de que sua mão já estava ali.
一 Will. Porra! 一 Suspirou baixinho.
O loiro sorriu, tomando o impulso que precisava para cobrir o corpo de Nico com o seu. Observou que sua pele lisa já aparentava um corar leve, alguns poros eriçados e um pouco de suor, mas não parecia cansado. Muito pelo contrário. Havia muitos pontos bem acordados, se é que me entendem.
Beijou carinhosamente seu pescoço, mas com avidez. Se limitou a contornar seu corpo com as mãos, porém, não o tocava tão intensamente com a intenção de, se quisesse parar, apenas desviava-se de seus movimentos sem muitos problemas. Acariciou sua cintura, esperando que o afastasse, mas... Apenas puxou seu rosto ao seu e capturou sua boca com a dele, deslizando as mãos por seu pescoço e ombros.
Seu corpo correspondia ao calor instantaneamente. Sentia a bolha de excitação e amor em que estavam aumentar e se intensificar, tornando-se mais densa. Solace sentiu o ômega entrelaçar as pernas ao redor de sua cintura, trazendo seu corpo para ainda mais perto, se era possível. Não reclamou. Estava gostando da proximidade.
Então, a bolha foi subitamente estourada por um toque irritante de celular. Toda a excitação deu lugar para a vergonha imediata. Não pelo que estavam fazendo, mas sim porque alguém simplesmente resolvia ligar naquele momento. Will se desvencilhou das pernas de Nico, indo para uma das cômodas e abrindo uma gaveta.
O moreno se sentou, o rosto queimando como de tivesse se banhado em gasolina e acendido um fósforo. William achou o celular e o agitou, mostrando que o som não vinha do dele. Mas continuava. Solace nunca pensou que fosse enjoar de "Play with fire" e nem mesmo chegar a ter um ranço pela melodia, mas tinha adquirido naquele exato momento.
O menor se inclinou e pegou o dele em cima da outra cômoda. A chamada foi encerrada antes que pudesse atender. Olhou apreensivo na direção dele, mas não precisou se preocupar tanto. Logo recebeu mensagens de texto de ninguém menos que Leo, o responsável pela quebra completa do clima bom que estava se formando.
一 Leo quer que substitua Piper no trabalho. 一 Esclareceu, a preocupação e a estranheza crescendo em seu peito. 一 Ela faltou e se eu não for, vai se encrencar.
Will franziu as sobrancelhas.
一 Piper? Piper McLean? Logo ela faltou no trabalho? 一 Estranhou.
一 Pois é.
Respondeu que já ia e se levantou. Sentia o olhar do alfa queimando em suas costas e não pôde evitar de sentir-se um pouco exposto. Teria que se acostumar com aqueles olhos famintos lhe percorrendo pois com certeza aconteceria mais vezes.
Catou uma cueca perdida, a sua, e prontamente a vestiu. Andrew suspirou, desapontado. Riu de sua expressão decepcionada. Se aproximou dele, inclinou-se e o beijou, de língua. Como imaginava, o maior segurou sua cintura, o prendendo naquela posição. Puxou-o com leveza, sentando-o em seu colo nu.
一 Eu preciso ir, Solace. 一 Sussurrou doce, sentindo as mãos dele acariciarem sua pele por debaixo do tecido.
Ele, para fazer birra, colou a própria testa em sua clavícula, abraçando-o com firmeza.
一 Precisa mesmo?
一 Preciso. 一 Riu. 一 Não quero que Piper se encrenque.
Will o soltou, deixando que levantasse outra vez e observou enquanto catava o restante de suas roupas. Encarou-o avidamente enquanto vestia sua calça jeans negra e a camiseta azul-escura. Fez um pouco de drama, admitia, mas não queria que seu ômega o deixasse sozinho quando estavam tendo um momento tão bom juntos.
Seu pequeno anjinho calçou o tênis azul-escuro, saltitando em um pé só ao fazê-lo. Viu-o colocar o celular no bolso, a carteira e pegar a chave da moto que, há um tempinho, compartilhavam. Os fios negros de sua franja batendo em seus olhos marrons-escuros e o incomodando. Ele penteou com os dedos e se olhou no pequeno espelho.
Parecendo satisfeito, ia saindo, mas o impediu:
一 Torna presto, mio angelo.
Nico o olhou por cima do ombro. Sentiu uma vontade imensa de voltar para os braços do alfa despido na cama. Maldita hora em que Piper resolvia cabular trabalho e Leo o ligar. Justo para si. Agora tinha que deixar seu namorado ali, vulnerável como jamais teve coragem de ficar com alguém. Seu coração se apertou dentro do peito. Lembrou a si mesmo que era apenas um turno. Iriam sobreviver longe por algumas horas.
一 Lo farò, mio sole.
💀 ✲ 💀
Seu celular ficou jogado de lado durante todo o turno. Nico servira mesas e mais mesas no lugar de Piper. Tentou ser o mais gentil e paciente possível, mas algumas pessoas pareciam ter um cérebro do tamanho de um canário. Tamanho do cérebro da ave, não do animal, senão já seria elogio.
Tinha vezes que, mesmo apontando pro telão, pediam para que listasse o que tinham disponível e o preço de cada item. O ômega apenas lançava um olhar insatisfeito para Brad, um colega de trabalho que ficava na cozinha e nas máquinas de bebida, e saía. Ele logo vinha em seu socorro, assumindo a parte do balcão, enquanto ia verificar os fornos.
O moreno simplesmente não entendia como ele e Leo conseguiam lidar com tanta gente estúpida todo santo dia. As únicas, e poucas, coisas que suportava e mesmo assim o tiraram do sério foram Drew, ex-namorada maluca de Will, e as perguntas nada discretas de Jason sobre o que sentia pelo Solace, quando ainda não namorava com ele.
Ao parar para refletir, percebeu que ambos os companheiros de trabalho são super extrovertidos e hiper comunicativos, coisas essas que Nico não é, nem de longe. Sua paciência já é extremamente curta e o filtro que tinha na boca sumia nas horas que mais precisava tomar cuidado com o que dizia.
Sorte que não durou muito, visto que foi chamado para trabalhar no próprio dia de folga das 2h até às 6h. Estava tirando o avental do Starbucks quando Leo se aproximou de si, seu turno também havia acabado e a menina que fazia sua parte no turno noturno já havia chegado. Ele lhe entregou seu celular, que tinha ficado perto da máquina de lanches, e avisou que alguém tinha ligado, mas não conseguiu atender a tempo.
Nervoso, agradeceu e pegou o aparelho, desbloqueando-o imediatamente para verificar quem era. Estava preocupado com Piper já fazia dois dias, período em que não tinha notícias dela e nem tinha lhe visto pessoalmente pois estava doente e tirou os dias para descansar e se recuperar.
No fim das contas, era um número desconhecido. Sua aflição cresceu. Foi para o aplicativo de mensagens e digitou uma pra ela. Pipes não recebeu. Sua foto havia sumido fazia três dias. Ela tinha trocado de número? Tinha o bloqueado? Deuses, se fosse a segunda alternativa, a mataria quando a visse.
Antes que pudesse mandar mensagem para Annabeth, ameaçando ela de morte, o mesmo número desconhecido de antes ligou outra vez. Apreensivo, atendeu. Levou o telefone ao ouvido, pedindo que Leo fizesse silêncio. Queria ter certeza de que não era um pedido de resgate pelo sequestro de Piper.
一 Olá! Falamos com Nico Di Angelo? 一 Perguntou uma voz simpática.
一 Sim?
一 Somos do Hospit...
E Nico apertou no botão para encerrar a ligação. Suspirou, decepcionado. Pipes não era idiota. Não acabaria no hospital por qualquer coisa que fosse. Valdez olhou-o curioso, cruzou os braços e analisou o aparelho desligado em suas mãos.
一 Quem era?
一 Hospital. 一 Suspirou, pendurando o avental num prego.
一 Mas se tiverem ligado para falar sobre Piper?
一 Não acho que seja o caso. Ela não é imprudente.
O amigo concordou, murmurando algo como "Verdade" e o seguiu para fora do estabelecimento. Conversaram sobre alguma bobagem por uns quinze minutinhos, estraram no Starbucks de novo pra comprar um café e uns muffin enquanto isso. O bate-boca durou bastante tempo, entretanto, volta e meia Nico olhava pro celular, a espera de um sinal de vida vindo de Piper.
Leo percebeu sua aflição e ergueu-lhe uma sobrancelha depois de mais uma de suas conferidas em sua caixa de entrada de email. Sim, estava desesperado ao ponto de checar o email. O ômega suspirou, tomando todo o refrigerante que tinha em mãos em um só gole.
一 O que tanto está te agoniando? 一 Perguntou o latino, vendo-o colocar o copo vazio em cima de um batente.
Não respondeu, deixando que imaginasse isso por si só.
一 Não é apenas por causa de Piper, não é?
一 Acertou em cheio. 一 Suspirou derrotado.
Leo lhe lançou um olhar preocupado.
一 Vai me dizer o que é?
一 Will. 一 Esclareceu corando. 一 Estou com saudades dele.
O amigo sorriu, mostrando aqueles dentes brilhantes e as ruginhas no canto dos olhos escuros.
一 Como podem estar mais apegado ainda? Faz quase dois anos e meio.
一 Eu sei, mas... Não tenho como explicar. 一 Suspirou de novo. 一 Me acostumei a tê-lo cada vez mais perto. Moramos juntos há sete meses e não consigo imaginar como não fizemos isso antes.
一 Vocês dois me surpreendem. Está longe dele há quatro horas e já está com abstinência. Queria que eu e o Frank estivéssemos assim.
一 Não pode culpá-lo por querer seguir um ritmo mais pacato. Você é muito fogoso quando está com ele.
一 Eu sei. Nunca fui assim antes. É como se eu finalmente tivesse encontrado o que buscava, Nico. Finalmente achei o alfa certo pra mim.
O moreno sorriu e concordou com um aceno de cabeça. Sabia exatamente do que ele estava falando. Sentia a mesma coisa com relação a Will, sentia que havia procurado por anos aquele a quem sua alma pertencia. Agora que tinha encontrado, não poderia ter outro sentimento mais satisfatório do que estar com ele, como se sua vida enfim tivesse começado a valer a pena.
一 Acho que já vou para casa. 一 Disse ao ver as luzes dos postes se intensificando para acompanhar a escuridão que fazia o mesmo. 一 Obrigado, viu.
Leo sorriu, completamente contente.
一 Eu que agradeço a companhia. Tome cuidado.
一 Você também.
Terminou de ajeitar o capacete, deu a partida e guiou a moto para sua casa: Os braços de Will.
💀 ✲ 💀
Ao entrar, foi recepcionado pelo alfa logo após largar as chaves em uma mesinha por perto. O loiro lhe abraçou com força, não dando tempo nem de olhá-lo antes disso. Retribuiu, afundando o rosto em seu ombro e aspirando o cheiro reconfortante impregnado em suas roupas.
Ficaram abraçados durante um tempo, minutos que pareceram segundos, enquanto pessoas passavam pelo corredor e espionavam a porta aberta. O ômega não se importava, na verdade. Estava nos braços de Will e, no fim, apenas aquela sensação merecia sua atenção.
Depois de mais um tempinho, se separaram minimante, Nico fechou a porta com o pé e deslizou o polegar pelos lábios do maior, tudo isso sem tirar seus olhos dos dele. Beijaram-se longamente, aproveitando o contato. Solace acariciou sua cintura, adentrando sua camisa enquanto suas salivas se mesclavam.
Quatro horas longe já os deixava com saudade. Bem, cinco se você somar a uma hora que o menor tinha ficado conversando com Leo, mas mesmo assim. Cinco horas já causava todo esse anseio. Todo esse desejo. Acho que, realmente, estavam ficando mais fogosos do que acostumados um com o outro a medida que o tempo se passava.
Não estavam reclamando. Era bom que não estivessem se acostumando, isso tornaria o relacionamento cada vez mais frio até não haver um ao qual se ater.
Separaram-se pela falta de ar, mordiscando os lábios alheios enquanto isso. Ficaram se encarando amorosamente, analisando e admirando cada detalhe do qual sentiam falta. Até, novamente, um toque de celular os despertar desse transe relaxante em que se encontravam presos. Nico pegou o aparelho no bolso, estranhando quando viu.
一 Número desconhecido. 一 Esclareceu a dúvida do alfa, que o analisava.
Levou o celular a orelha.
一 Alô?
Silêncio.
一 Sim, sou eu.
Sua expressão se tornou preocupada.
一 Aconteceu alguma coisa?
Outra vez, silêncio. Will aguardou, ficando cada vez mais aflito enquanto a feição do ômega se tornava incrédula.
一 O-ok... Obrigado.
E desligou, ainda em choque.
一 Era Piper? 一 Perguntou, nervoso.
O menor negou sem dizer uma palavra.
一 O que houve?
一 Ela... Ela... Morreu...
一 Ela quem?
一 Bianca...
C O N T I N U A
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