Fanart não é minha! |
Quase dois meses já haviam se passado e Nico não podia estar mais feliz. Já fazia mais de dois meses que estava namorando Will e o garoto jamais imaginou que poderia se sentir tão bem ao lado de uma pessoa. Obviamente, o loiro não podia estar sempre por perto. Morava um pouco mais longe do prédio do moreno e já estava quase no fim da sua faculdade, fazendo um curso puxado que exigia muito dele.
Jason, claro, foi o primeiro a ficar sabendo e o primeiro a comemorar como se fosse ele que estivesse namorando. O ômega ficou olhando para o primo sem entender. Só tinha anunciado que estava em um relacionamento com alguém. Mas, certo. Jason tinha motivos pra tanta alegria e eis eles:
1- Era o primeiro relacionamento amoroso de Nico.
2- É a primeira vez que Di Angelo está realmente apaixonado por alguém.
3- Desde que foi expulso de casa pelo pai, Nico não se atrevia a conversar com ninguém que já não conhecesse e então ele aparecia falando com alguém novo, apaixonado e, mais atualmente, namorando.
É libertador a sensação de vê-lo superando todo o trauma que Hades causou à ele depois de tanto tempo se esquivando disso. Jason, mais do que ninguém, sabia o quão magoado ele estava quando começou a morar consigo. Só Jason viu e o ajudou durante suas crises de ansiedade e pânico. Agora ele está bem, está feliz. A diferença de humor daquela época pra agora não poderia ser mais diferente, e isso é um alívio.
一Jay, o que você acha de conhecer Will? Tipo, chamar ele pra jantar aqui...
Foi quando aquelas palavras soaram receosas da boca de Nico que Jason teve um pequeno estalo. Não conhecia a pessoa que fazia seu irmãozinho de consideração tão feliz. Será que tinha algum problema mental? Depois de todo esse tempo, nem pensara em conhecê-lo. Só sabia das coisas que Di Angelo sente a necessidade em lhe contar e nada mais.
一 Claro. Quando der, me avisa. 一 Respondeu simplista, continuando a comer sua macarronada.
Desde que Will e Nico começaram a namorar, essa é a comida favorita deles. Por que? Nem lhe passa pela cabeça, mas apenas aceita comer isso toda quinta porque faz o moreno ficar contente. Até que tava bom.
一 Você não vai me dizer por quê quer comer isso toda quinta, não é?
O menor nada disse, apenas continuou mastigando. Depois, ficou brincando de enrolar o macarrão entre os dentes do garfo, nervoso. Ele abriu a boca pra dizer alguma coisa umas três vezes, mas não conseguiu a coragem para falar. Jason ficou olhando-o esperançoso, mas desistiu quando viu que ele não queria.
一 Foi isso o que comemos quando Will me levou pra jantar. A moça que nos serviu achou que éramos bons juntos, ou algo assim, e colocou um dos macarrões mais longos no meu prato e no dele, bem...
Não precisava nem terminar. Jason já tinha entendido.
一 A gente não disse nada na hora, mas foi quando saímos que nos beijamos de verdade e começamos a namorar. É... especial pra mim.
O loiro quis rir. O que o amor não faz, não é? Mas Jason se conteve. Ele sabe que em relacionamentos tem esse tipo de coisa e não pode nem zoar o coitado por isso, visto que não é nem um pouco justo. Além disso, sabia que se zoasse ele, iria sobrar para si mesmo mais tarde no futuro.
Nico deu mais uma garfada em sua comida, descontraído. O jeito como mexia a comida era um claro sinal de que tinha uma carta na manga e que estava esperando a oportunidade para jogá-la sobre a mesa, tipo quase literalmente. Foi quando o garoto engoliu o que tinha dentro do "orifício bucal" (pra não ficar repetindo termos aqui) que a bomba caiu sobre eles com as seguintes palavras:
一 Will contou-me algumas coisas sobre um dos amigos dele, Percy.
De repente, o estômago de Jason borbulhou e a comida perdeu completamente o gosto. O que o amor não faz, não é? Seu desinteresse pela refeição não passou despercebida pelo ômega, que mordiscou o lábio para não sorrir. Tinha tocado no assunto certo, na medida certa e na hora certa para deixar seu primo com pulga atrás da orelha.
一 O que foi que seu namorado disse? 一 Perguntou receoso e com o tom controlado, tentando não soar tão ansioso e nervoso.
一 Ele me contou... que Percy tem gostado de uma certa pessoa. 一 Soltou, tomando alguns goles de seu suco de morango em seguida.
Uma certa pessoa? Sério, Di Angelo? Não dá pra ser mais específico, reclamou o garoto em pensamento, sabendo que se verbalizasse isso, um passeio de ambulância seria inevitável.
一 Legal saber que ele é um ser humano e gosta de alguém. 一 Debochou.
Nico riu e voltou a comer, deixando a informação se assentar. Jason não pode evitar de sorrir. A risada do menor lhe contagiava, mas seu sorriso se desfez após uma garfada. Os pensamentos ruins inundaram sua mente, minando suas expectativas. Percy sempre foi uma pessoa muito surpreendente. Não adianta criar esperanças.
Além disso, Jason tinha provas na semana que se seguiria após aquela em que estavam e precisava dar uma... revisada básica, se é que me entendem. De qualquer forma, o loiro não possuía espaço em sua agenda pra lidar com sua vida amorosa, nem com Percy Jackson gostando de alguém e muito menos para suas próprias paranoias.
☀ ✲ ☀
Agora era Nico quem estava com pulga atrás da orelha. Fazia uns dois dias que Jason estava estranho e mais uns cinco que não tirava a cara dos livros. O ômega tinha quase certeza absoluta que ele tinha matado alguém e escondido o corpo junto com Will, que estava igualmente estranho.
Os dois loiros tentavam agir normalmente, mas era obvio demais que estavam ansiosos com alguma coisa. Coisa essa que Nico nem desconfiava. Mesmo não sabendo o que era, sabia que podia descobrir. E... Jason, eu sinto muito pela pressão que tu levou, mas Nico não perdoa e nunca perdoou mesmo.
Foram inúmeras perguntas pra lá e pra cá, até que ficou muito, mas muito difícil de esconder e desviar-se daqueles questionamentos. O coitado se sentia em um interrogatório policial, como aparece nas séries de TV. Mas você acha que ele abriu o bico? Devo decepcionar as pessoas que disseram "sim" porque ele não desembuchou.
No fim das contas, o garoto jogou a toalha e desistiu de dar uma de detetive de série clichê. A verdade um dia ia aparecer, não é? Um dia. Então... Motivos pra se esforçar tanto? Não havia nenhum na perspectiva dele. Aí. Teve um momento (cês sabem que é "dia", mas enfim, não vou ficar repetindo) que os dois benditos decidiram colocar o plano em ação.
一 Nico! Vem cá!
O garoto tinha acabado de terminar uma prova online e foi correndo ver o que o amigo queria, meio preocupado até, visto que não é sempre que ele grita desse jeito. Mas deixou os ombros caírem ao vê-lo sentado na sala, em meio a pilhas e pilhas de livros, um laptop na sua frente, com uma espécie de gráfico na tela.
一 Vai lá no Starbucks e pega um café adoçado e com leite pra mim? Tem dez conto na minha mochila, ali. 一 Apontou pra um canto, distraído, anotando algo com uma mão enquanto olhava o gráfico atentamente.
Não preciso dizer que Nico quis pegar sua escrivaninha e tacar na cabeça dele, não é? Enfim. Vocês já sabem como é. Segue o baile. Obviamente, o menino ficou chateado. Não furioso como da outra vez, já que estava superando sua fobia de sair de casa aos poucos. Só deu um pescotapa bem merecido no outro, pegou o dinheiro e meteu o pé.
Mesmo processo de sempre: Uma descida de elevador, duas esquinas e mais treze passos depois, chegou ao estabelecimento. Entrou lá, sem mais nem menos, e se dirigiu ao balcão com a maior cara de cu. Piper, ao vê-lo ali em seu dia de folga, estranhou, mas riu ao perceber o dinheiro em sua mão.
一 Bom dia, Nick
一 Bom dia, McLean...
一 O que aquele folgado pediu dessa vez?
一 O de sempre. Café adoçado e com leite.
Piper riu, preparando o recipiente pra viagem. Nico se inclinou sobre o balcão e pôs uma mão ao lado da boca, como se fosse contar um segredo.
一 Dá pra por laxante?
A de cabelos castanhos estava perto da máquina de café, ajustando os detalhes finais.
一 Você ia gostar de, em plena época de provas, tomar um café na maior inocência e, horas depois, perceber que tinha laxante e perder horas preciosas de estudo no banheiro?
Nico, a contragosto e muito chateado, negou com a cabeça. Não iria gostar, obviamente, mas só umas gotinhas não faria tão mal, não é?
一 Estraga prazeres 一 Murmurou, os braços cruzados e as bochechas infladas, claros sinais de sua raiva.
Piper queria apertá-lo e beliscar suas bochechas. Era incrivelmente fofo. Ela se virou e encheu o copo, acrescentando o leite e o açúcar. Mas, logo atrás do menor, surgiu uma figura alta, loura e de olhos azuis. Vestia uma camiseta xadrez preta e vermelha, camisa branca e short jeans.
一 Olá. Você vem sempre aqui?
Nico se virou tão rápido, pelo susto, que quase bateu a cabeça no queixo do garoto. Ao vê-lo, seus olhos negros se arregalaram. Deveria ser semana de provas na universidade dele.
一 Will!
一 Olá, er... Garoto misterioso que eu com certeza nunca vi na vida e nunca... an... beijei ou algo assim.
O moreno bateu em seu ombro levemente, rindo.
一 Solace idiota! Bobão!
Ficou nas pontas dos pés para beijá-lo, sendo correspondido na hora. Passou seus braços por seu pescoço, mãos quentes repousando em sua cintura.
一 Você devia estar na faculdade, indo atrás de nota!
Will sorriu, mordiscando os lábios alheios.
一 Não gostou de me ver?
Nico riu e o beijou brevemente mais uma vez.
一 Claro que sim, besta! Só estou surpreso. Não me avisou por que?
一 Por que era pra ser uma surpresa mesmo. Lembras que dia é hoje?
O ômega ponderou por um tempo. Tinha dado uma visualizada no calendário. Que dia era hoje mesmo?
一 23 de agosto? Novembro?
一 Agosto, Nico? 一 Riu o loiro, o virando em seus braços e o abraçando por trás 一 De onde foi que você tirou isso? É novembro, Nico.
Nico riu junto e pegou o café estendido por Piper.
一 Tá, mas o que tem hoje?
Will se fez de ofendido.
一 Você esqueceu, Nicolas?
O moreno gelou. Ele nunca tinha dito seu nome desse jeito, nesse tom tão serio. Achou até sexy, mas, no momento em que estão, é de dar medo. Sentiu um arrepio pelo corpo e os pelos de seus braços se eriçaram. Claro, Will não é cego e percebeu, sorrindo maliciosamente contra a hélice da orelha do menor (Tá correto, pode pesquisar).
一 Nesse mesmo dia, nestas mesmas circunstâncias, foi quando a gente se conheceu, há um ano atrás. Lembra agora? 一 Sussurrou docemente, o apertando ainda mais.
Como poderia esquecer-se? Se não fosse pela iniciativa de Will de pedir seu contato, nunca estariam onde estão agora. Mas... Então é isso? Ele e Jason estavam tão estranhos por causa disso? Eles tinham combinado tudo. Engenhosamente fofo, tinha que admitir.
一 Feliz dois meses, meu anjo.
一 Feliz dois meses, Will.
O loiro passou o nariz por sua bochecha, absorvendo o leve aroma que Nico se permitiu soltar. Sempre tomou remédios para anular seu cheiro natural, mas vinha tomando cada vez menos, visto que não estava fazendo muito bem ao seu humor pelos efeitos colaterais fortes que a pílula tem.
一 Gostou da surpresa? 一 Perguntou o alfa, receoso.
O moreno sorriu ao perceber sua angustia.
一 Eu amei. Realmente. Não precisava disso tudo, serio.
一 Claro que precisava. 一 Rebateu, o beijando levemente 一 Você merece muito mais.
O ômega sentiu seu coração derreter e seu corpo amoleceu nos braços do loiro, erguendo a cabeça para poder olhá-lo. Odiava ser baixinho, mas, neste momento, não parece tão ruim assim, já que o futuro médico pode se inclinar um pouquinho e o beijou. O beijo durou até um garoto de cabelos castanhos pigarreou.
一 Vão pedir alguma coisa?
Nico ia negar, mas Andrew foi mais rápido.
一 Uma pizza de pepperoni, certo? E duas latinhas de refrigerante.
O menino anotou tudo em um papelzinho e sumiu na cozinha ao mesmo tempo que o loiro conduzia o menor até uma mesa colada na janela e entrelaçou suas mãos com as dele em cima da mesa. Ficaram conversando até a comida chegar e durante a refeição. Era indescritivelmente maravilhoso passar um tempo com ele assim.
Nem se deram conta de que a pizza acabou e a bebida também, nem ligaram pra isso na verdade. Will falou sobre seu pai, os irmãos e contou para o moreno sua relação com seus amigos, inclusive que o atendente de cabelos castanhos, que chamou de Leo, é um deles. O garoto ficou resmungando de alguns alunos de sua turma.
O tempo não poderia ter passado mais depressa. Nico compartilhou algumas situações em reuniões de família e descobriu que Will é neto de Zeus, tio do moreno. Mas resolveram deixar isso de lado, visto que isso não iria atrapalhar no relacionamento deles, que não se importaram com isso.
一Mas e aí? Não vai me contar por quê não está em um auditório agora, fazendo prova e com dor de cabeça? 一 Questionou o menor, uma sobrancelha arqueada em acusação.
O outro riu e começou a picotar guardanapos.
一 A aula foi suspensa hoje porque o professor que iria vigiar a prova foi atropelado e está hospitalizado. 一 Respondeu, juntando os pedaços de papel em um montinho 一 Só os que teriam aula prática tiveram que comparecer.
一 Nossa... Eu... Não sabia. Desculpa. 一 Murmurou Nico, constrangido.
Will pegou sua mão na dele e acariciou o dorso com os dedos da mão livre.
一 Não tem problema. 一 Sorriu tranquilizador 一 Aproveitei esse tempo livre para colocar em prática o combinado que tinha feito com Jason para esse encontro.
O moreno sentiu um calor se instalar em seu peito e suas bochechas se avermelharam.
一 Então... É um encontro?
Will corou, suas orelhas ficaram vermelhas e ele desviou o olhar.
一 Talvez...
一 Talvez, Solace?
一 OK. É um encontro.
一 Oficialmente um encontro?
一 Oficialmente um encontro.
Nico sorriu diante da afirmação e sentiu o estômago dar uma embrulhada em excitação (Ingênua). Andrew pediu dois sanduíches leves, dois copos de suco de laranja e continuou contando coisas sobre sua universidade.
O ômega, depois de uns minutinhos, nem estava ouvindo mais admirando cada detalhe do namorado. Os cachos dourados. A franja desajeitada que tinha que segurar o impulso de erguer a mão pra ajeitar. Os olhos incrivelmente azuis. O resto nem precisa comentar. Não há palavras que possam descrever.
Se há anos atrás uma pessoa lhe dissesse que alguém como Will se apaixonaria por si, não colocaria a mão no fogo nem que a vaca mais vacuda tossisse. Na época da escola, era muito antissocial e tímido. Se um (a) maluco (a) contasse que se apaixonaria tanto por alguém tão incrível e que seria recíproco, nunca acreditaria.
Mas cá está ele. Rindo de uma das piadas do garoto que, tinha certeza absoluta, mais ama nesse mundo (Romanticamente, porque família e amizade não conta aqui). Entretanto...
一 Will!
Quando imaginou que as coisas só poderiam melhorar...
一 Faz tanto tempo que não te vejo. Não vai me apresentar ao seu amigo?
Drew Tanaka, em toda a sua raparigagem e nojentice, surgiu ao lado de Will, passando as mãos pelos ombros do garoto, cuja cara ficou tão branca quanto os guardanapos que ele "transformou" em neve de papel há poucos minutos. Ele parecia ter visto um fantasma e Nico sentiu um arrepio subir pela sua espinha.
Se aquela puta já conhecia Will há tempo suficiente para falar nesse tom tão íntimo, teria muito mais motivos para odiá-la ainda mais.
C O N T I N U A
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