Aviso: ABO, coisas explícitas, relacionamento homossexual, universo alternativo que não condiz com a maioria das coisas do universo original e personagens criados pela autora para ajudar no desenrolar da história. Boa leitura!
一 Respira, Nico 一 Pedia Jason, quase tão nervoso quanto o menor 一 E me conta direito. Ele fez o que?!?
一 O que ele não fez, né Jason!
O moreno andava de um lado para o outro da sala, mordendo o próprio punho fechado contra sua boca em sinais de nervosismo. Com a ajuda de seu melhor amigo, companheiro de quarto e primo, filho do irmão do seu pai, demorou menos de vinte minutos para chegar na conclusão que todos nós, leitores, chegamos em um capítulo: Nico estava apaixonado por Will.
Jason foi o que juntou todos os pontos e, sinceramente, só queria socar a cara de Solace por ter ousado se aproximar de seu irmãozinho de consideração e por ter se apaixonado por ele também. Mas, além de ser meio esquisito, é falta de respeito e poderia ser preso por lesão corporal. E como já não precisava de uma passagem na polícia, deixou sua pequena vontade de espancar o loiro de lado.
一 Peraí... Você tá se referindo ao fato de ele não ter te beijado?
一 Claro que é, Jason!
一 Então, por que você não o beijou primeiro?
一 Por que você acha? Ele me pegou de surpresa e eu não tinha certeza sobre o que eu queria até ele ter demonstrado mais interesse com esse gesto.
Jason queria muito jogar na cara do primo que tinha dispensado uma garota bonita e simpática que demonstrou, e muito, que estava interessada, mas não parecia nem um pouco certo se vitimizar quando a situação dele é bem mais complicada. Sim, o loiro rejeitou Piper McLean por um único motivo simples: Gosta de outra pessoa.
No momento, o foco é Nico e seu nervosismo em tomar uma atitude, não as crises amorosas do Grace em questão. Por isso, quando o celular do moreno vibrou anunciando uma notificação, os dois garotos deram um pulo e só faltou o ômega arremessar o telefone longe com o susto.
Ele desbloqueou o aparelho e seu rosto se avermelhou com o que viu na tela.
一 É uma mensagem de Will.
Jason puxou uma das almofadas para seu colo e começou a pensar em uma frase de incentivo, mas não havia tempo pra isso.
一 O que ele disse?
一 "Espero que não tenha ficado muito tempo na chuva, Di Angelo" e um menor que três depois.
O loiro ergueu uma sobrancelha para o menor.
一 Vocês se cumprimentam pelo sobrenome?
一 Às vezes 一 Murmurou constrangido.
Ele digitou uma resposta rápida e se levantou, cambaleante. E, como fez na primeira vez que trocou mensagens com o garoto, sumiu dentro do próprio quarto. Jason ainda não conseguia entender o por quê dele continuar fazendo isso, mas respeitou sua vontade e se pôs a pensar em uma maneira educada e descontraída de se aproximar de Percy Jackson.
☀ ✲ ☀
Will vinha sonhando com o dia que beijaria Nico Di Angelo desde que o conheceu. Obviamente, manteve a pose e tentou conquistar a amizade dele primeiro, já que o segredo para um bom relacionamento é ter como base uma amizade firme e verdadeira. O mais importante no momento era que o loiro estava surtando.
Tinha chegado perto demais, apesar de seu alfa interior estar gritando que não fez nada além do certo. Não é assim que vou conquistar esse ômega, Will brigava consigo mesmo. Não o leve a mal, não é culpa de Andrew ter se apaixonado "à primeira vista" pelo garoto, como costumam chamar esse tipo de atração.
Suas intenções de se aproximar de Nico sempre foram ingênuas e tranquilas, mas o loiro sentia que tinha estragado tudo. Agora, tinha acabado de propor uma espécie de encontro por mensagem. Pior não dá pra ficar, não é? Ah, dá sim. Pode piorar e talvez vá. Enfim...
Quando contou todo seu progresso à Annabeth, ela só precisou lhe espancar pra completar o pacote de insultos que veio junto. Se "reação imediata" existe mesmo, Will não conseguiu alcançá-la e ganhou alguns tapas nas costas, vindo de Percy. Bem, os dois gritaram em seus ouvidos que tinha que ter beijado Nico quando teve a oportunidade. Em outras palavras: hesitar em um momento tão quente estava fora de questão.
O loiro foi aconselhado à convidá-lo para fazer algo simples e seria nessa ocasião que o beijaria finalmente. Nada iria dar errado, Nada poderia dar errado ou então tudo estaria acabado. Suas chances de que Nico goste de si já são duvidosas, some isso a alguma coisa desagradável que poderia acontecer e bum: Qualquer esperança já era.
Annabeth foi a primeira a incentivá-lo. Bateu no seu ombro e disse, encorajadoramente, para ele não se esquecer como se beija pra não parecer um virgem idiota. Muito encorajador, Annie. Obrigada por ser a melhor prima do mundo. Percy já não ligava muito pra isso, não conseguia nem pensar em falar com Jason, imagine agir.
No lugar marcado, na hora marcada, Nico e Will se encontraram. Nervosos, ansiosos, hesitantes. Ficaram se encarando por um tempo, analisando a situação e avaliando o comportamento um do outro. Andrew lançou-lhe um sorriso, o cumprimentou e fez uma pequena piadinha com algo qualquer, aliviando o clima.
Os dois entraram no restaurante, se sentaram em uma das mesas vagas e começaram a ler o cardápio, conversando no processo. Riram de piadas toscas, ficaram fofocando sobre algumas "celebridades" que conheciam em comum e reclamaram de familiares e amigos. Tudo isso até um garçom desgraçado os interrompeu rudemente apenas para perguntar se as belezas tinham se decidido. Sim, ele falou exatamente assim.
一 Uma macarronada 一 Sugeriu Will, sorridente 一 O que acha, Nick?
Nico respondeu sem nem pensar duas vezes.
一 Claro. Por que não? Pra mim está ótimo.
Assim que o garçom sumiu de vista, a conversa voltou a correr solta. Não demorou nadinha para a comida chegar, pelo menos pra eles, que falavam tanto que o tempo voou. A moça que entregou os pratos era muito mais gentil e sorria docemente para eles enquanto listava as sobremesas. Depois de ter feito seu trabalho, ela os deixou sozinhos.
Eles fora comendo em silêncio, desfrutando ao máximo de sua refeição. Nico e Will estavam tão perdidos em seus próprios pensamentos que não perceberam um padrão suspeito entre o macarrão. Foi quando a espaço foi encurtando e encurtando a cada vez que sugavam mais o macarrão.
Então, quando se deram conta, já tinha acontecido. O filete de macarrão que ambos comiam eram o mesmo e os conduziu até aquele leve selinho. Quando o selinho se partiu, o ômega e o loiro só ficaram se olhando, atordoados. O planeta só voltou a girar uns minutinhos depois. A ficha caiu. O choque os atingiu. A vergonha veio.
O rosto de Nico ficou levemente vermelho e ele abaixou o olhar. Isso tinha acontecido. Não era uma fantasia aleatória que tinha criado do nada. Lembrou-se do sorrisinho da garçonete que tinha trazido a comida e olhou ao redor. Ela estava perto da porta da cozinha, os braços cruzados, um sorriso satisfeito na cara e um jeito relaxado, como se tivesse cumprido o seu dever.
Will nem se atreveu a olhar para o mesmo lugar que o menor olhava. Pôs a mão sobre a boca e ficou tentando controlar os batimentos cardíacos acelerados. Sentia-se um adolescente que tinha se apaixonado pela primeira vez: tudo muito intenso e confuso. Qualquer olhar que Nico lhe lançasse agora poderia derretê-lo em sua cadeira.
Eles terminaram seus pratos, completamente envergonhados, pagaram e saíram, meio receosos, do restaurante. Ainda vagando pela rua, tendo como destino o prédio onde o moreno mora, não ousavam conversa e nem se olhar. Nico ainda estava com uma sensação estranhamente satisfatória no peito e não sabia bem como iria fazer o que planejava.
Sua mão se aproximou da do loiro bem sorrateiramente, roçando de leve na dele. Um pequeno choque percorreu o braço de ambos, que apenas curtiram aquela euforia de se terem tão perto, mas ainda não tão perto quanto gostariam, um do outro. Bem delicadamente, Nico entrelaçou seus dedos com os de Will, que pegou na sua mão com aquela atitude, considerando uma abertura para o ato.
Olhou para o ômega rapidamente, ainda meio de canto, mas mesmo assim...
Foi o menor que teve a coragem de parar e fazer o loiro se virar de frente pra si. O maior estava com o rosto um pouco vermelho, lindamente vermelhinho. Os olhos se destacavam por causa disso. Sem resistir, passou a ponta dos dedos da mão livre pelas sardas de Will, passando por suas bochechas e pela estrutura de seu nariz. Ridiculamente lindo.
O loiro apenas soltou sua mão e abraçou sua cintura, inclinando-se um pouco em direção à face do moreno e fechando os olhos, praticamente dando o próprio rosto para que ele continuasse as carícias. Nico passou a mão pela franja de Will, a ajeitando. Passou os dedos pela sua têmpora, fazendo uma trilha pela maçã do seu rosto até o queixo, indo inconscientemente aos lábios dele.
Em resposta, Will abriu os olhos e se aproximou ainda mais da boca de Di Angelo. Sonhava com ela havia semanas. Fazia uns dez meses que se conheciam, mas nunca se sentiu tão próximo de alguém quanto se sentia com ele. Os olhos negros do menor são seu céu noturno. Esse garoto é a única coisa que mais quer admirar nesse mundo.
Então, Nico exterminou os últimos centímetros que os separavam e selou seus lábios com os do loiro, que correspondeu imediatamente. Tinha tentado imaginar, por horas a fio, como seria o gosto do beijo dele, mas nunca chegou a pensar que pudesse ser uma mistura tão gostosa e tão viciante.
O gosto ficou ainda mais intenso quando aprofundou o beijo e sentiu a língua tímida de Nico em sua boca. Seu beijo tinha gosto de chocolate com grãos de café, uma pitada da macarronada que tinham comido e um leve toque de batata frita bem salgadinha. Deuses!, pensou Will, se deliciando com o sabor do beijo do menor. De que planeta esse menino veio?
Podia até não saber o por quê de tudo em Di Angelo ser tão perfeito, podia até não saber o por quê de o amar tanto, mas tinha uma única certeza pura: Não queria deixar de amar uma pessoa tão doce e tão maravilhosa quanto Nico.
O ar apenas ameaçou faltar. Os pulmões de Will poderiam explodir, que ele não iria ligar, mas não tinha tanta confiança quanto ao moreno, por isso se forçou a separar-se dos lábios do ômega. Abriu os olhos devagar, meio acanhado. O rostinho angelical de Nico estava vermelhinho, a boquinha entreaberta, respirava meio pesado e seus olhos lacrimejavam levemente.
Will sorriu enquanto o próprio Nico abria os olhinhos. Em um gesto carinhoso, passou o dedo para limpar as lágrimas minúsculas que se formavam nos olhos negros do menor. É tão lindamente perfeito. O moreno conseguiu abrir um leve sorriso, também intimidado pelo beijo que tinham dado. No meio da rua. Puta merda... Quer saber? Que se foda!
O maior se inclinou um pouquinho contra o rosto de Nico, roçando seus lábios nos dele em uma atitude carinhosa e provocativa.
一 Eu sempre quis te beijar assim, sabia?
Sentiu a risadinha contente do menor contra sua boca. Seu hálito é tão quentinho...
一 Ah, é? Eu não sabia. Mas sabe da melhor? 一 Questionou baixinho, passando os próprios braços ao redor do pescoço de Andrew, quase ficando na ponta dos pés.
一 Não. Qual?
一 Eu sempre quis que você me beijasse assim.
Will soprou uma risada contra a bochecha corada dele.
一 Dessa eu não sabia. Mas... 一 Depositou um beijinho delicado na maçã da face dele antes de roçar seus lábios nos de Nico de novo, o provocando 一 Sabe o que eu mais gostei nessa noite?
一 Hum?
一 Ter você assim agora...
Os dois trocaram um beijo antes que o loiro continuasse a listar.
一 Sua boca na minha...
Mais um, mais intenso e mais rápido dessa vez.
一 Assim nessa rua deserta...
Nico sorriu contra os lábios do mais alto, beijando o canto de sua boca em seguida, apenas para devolver as provocações. Por azar ou sorte, Will soprou outra risada e repousou a testa no ombro do ômega, sorrindo bobo contra sua pele, arrepiando-o.
一 Eu te amo.
As mãos de Nico deslizaram até a cintura de Andrew, abraçando e o puxando ainda mais contra seu corpo. O coração acelerado, mas incrivelmente leve.
一 Eu também te amo, Solace. Muito...
O sorriso de Will só se alargou ainda mais, mas ele não ousou sair do ombro do menor.
一 Namora comigo?
一 Claro que sim, Solace idiota. Pensei que nunca pediria.
一 Sou o seu idiota, Di Angelo. E eu pensava que você nunca aceitaria.
Nico riu, completamente feliz.
一 Você é um grande bobão, Will, mas eu te amo mesmo assim.
一 Por que soa tão mais verdadeiro vindo de você?
一 Porque é verdade, Solace.
Ambos riram e trocaram outro beijo igual ao primeiro. Só então se lembraram onde estavam e se contentaram com um leve abraço. Nenhum dos dois queria sair dali, mas já estava ficando tarde, poderiam ser assaltados e não precisavam de mais emoções fortes para que aquela noite se completasse.
一 Preciso ir pra casa, Will.
O loiro suspirou, se separou de Nico e o puxou pela mão.
一 Vem que eu te levo.
Não preciso dizer o quão alegres eles estavam. Sentiam-se estranhamente satisfeitos e eufóricos, mas tão pouco importava. Will tinha conseguido tudo o que queria. Tinha conquistado Nico, tinha lhe beijado.
Você é um grande bobão, Will, mas eu te amo mesmo assim.
Eu te amo mesmo assim.
Ele disse. Ele disse mesmo. Ele lhe ama...
C O N T I N U A
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