Refúgio - Prólogo

 




 Aquele era meu espaço seguro, um lugar onde eu podia chorar e escrever meus sentimentos em cadernos enormes por horas sem ninguém para ver. O único ambiente que eu sentia que podia ser eu mesmo depois de tudo.

 Por que aquela casa na árvore era tão importante? Porque Bianca me mostrara, quando ainda era viva e nós éramos como unha e carne. Mas ela morreu. A unha foi arrancada e tenho estado em carne viva desde então. Nada tem sentido mais.

 Visito aquele pequeno espacinho seguro porque é o único lugar no planeta onde sou apenas eu e eu, verdadeiramente e irremediavelmente. A ideia de qualquer pessoa diferente de mim e Bianca achar e utilizar esse espaço é anormal. Porque ninguém mais sabe. E parece uma violação das leis naturais das coisas. Casa na árvore = Nico e Bianca, ninguém mais.

 Aí Will Solace aparece e a ideia de ter companhia nesse pequeno e único espaço seguro onde eu me permito ser inteiramente eu passa a ser não apenas aceitável, mas apreciada. A solidão se torna mais evidente do que nunca e sinto que estou prestes a afogar, sem ter a quem recorrer porque Bianca se foi.

 Por sorte, Will está lá para pular de cabeça na minha solidão e me tirar de lá.

 A força, se precisar.



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