A casinha abandonada na árvore se tornou minha fortaleza. As canetas se tornaram o fosso. As palavras eram a água. E os cadernos se tornaram as muralhas que impediam que eu me afogasse em mim mesmo.
Preenchi cadernos e mais cadernos. Poemas, textos, pequenas fábulas, romances inteiros. Eu me derramava nisso, respirava graças a isso. Por causa dessa válvula de escape, as lágrimas não me sufocaram. Por causa disso, eu percebi o poder das palavras. E fiquei em silêncio.
Fiz um voto de silêncio porque tudo o que eu dissesse só ia me machucar e machucar aos outros. Fiz o voto porque eu precisava do silêncio para gritar.
Comecei a fazer a escola por EAD e só saia de casa para ir para meu refúgio. O refúgio que foi Bianca que me deu. Lá eu sentia a presença dela, cada vez mais escassa a medida que o tempo ia passando. Como se ela estivesse me abandonando.
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Passei muito tempo sendo o garoto mais solitário da vizinhança inteira. Eu fazia uma ou outra gentileza, mas não era bem visto. Percy se encarregou de me enxergarem como uma aberração. Não tinha nada que eu pudesse fazer sobre isso.
Mas aí reapareceu um garoto, que tinha ido embora por um tempo e eu não tinha reparado.
Will Solace, da casa de número 7.
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