Mio amato fidanzato - Capítulo Um

 



 

Will


 Nico é a única pessoa que eu sinto que posso ser eu mesmo. Sem barreiras, sem máscaras, sem meias verdades. Apenas eu e mais nada além de mim.

 Não preciso ser um irmão mais velho o tempo todo, não preciso ser forte o tempo todo, não preciso ser corajoso o tempo todo, não preciso ser esperançoso o tempo todo, não preciso confortar ninguém o tempo todo, não preciso ouvir o tempo todo, não preciso ser durão o tempo todo.

 Não com Nico. E eu o amo.

 Eu encontrei um conforto enorme nele, uma segurança muito grande no que somos e um amor infinito por quem ele é. Quando o conheci, ele precisava de ajuda como qualquer outra pessoa, mas era diferente. Eu enfim queria ajudá-lo.

 Veja bem, não é que eu não queira ajudar. Eu sou um curandeiro, amo ajudar, desejo curar pessoas e auxiliá-las em suas recuperações. Mas com os outros campistas estabeleceu-se uma relação de eu tenho que ajudá-los e não de quero ajudá-los. Uma obrigação e não um querer. 

 Muitos campistas do acampamento Meio-Sangue são meio arrogantes, prepotentes e acham-se melhor do que os outros, seja por causa de poderes, habilidades ou ascendência divina. Isso é estressante pra caralho. Além de que eu não tenho muito tempo pra ser alguém além de curandeiro e chefe do chalé de Apolo no acampamento.

 Eu sou um dos poucos campistas de ano-inteiro do acampamento, então acabo ficando sozinho um período do ano. É esse único período que eu tenho pra ser algo além de curandeiro e filho de Apolo. Só que não tem ninguém pra ver quem eu sou além dessas coisas nesse período. É solitário e desestimulante.

 Quando eu vi Nico após a guerra contra Gaia, percebi imediatamente que era e o que era diferente. Nico não queria ajuda, não achava que precisava de ajuda e ia morrer se eu não o ajudasse, custando o que custasse. Isso despertou meu instinto protetor na hora.

 Nico nunca se achou melhor do que ninguém, mesmo sendo filho de um dos Três Grandes e principalmente sendo filho de Hades, cheio de poderes e habilidades. A humildade dele tornou nossa convivência mais fácil por um lado e mais difícil por outro, porque ele não acreditava muito em suas capacidades sociais, muitas vezes se comparando a um vampiro. Nada realmente chato de lidar, só meio engraçado, na verdade.

 Eu forcei Nico a ficar na enfermaria por três dias que se estendeu para três meses. Ele precisava de cura imediatamente. Seus poderes o exauriram muito, seus traumas tinham uma influência péssima em sua saúde e a falta de pessoas que o amassem não contribuía para a imagem que ele cultivava de si mesmo.

 Foi um processo lento e tortuoso, mas sempre me mantive disposto a fazer o que fosse necessário. Claro, no meio do caminho eu já tava completamente entregue. Confesso que já gostava dele antes da guerra. Derretia toda vez que ele dava uma passadinha pelo acampamento depois da Batalha de Manhattan. Sorte a minha que eu disfarçava bem.

 Sendo bem honesto, acho que eu ganhei mais nisso tudo do que esperava. Nico não era exatamente uma pessoa a ser consertada. Tudo o que ele precisava era de cuidado e amor, o que eu estava mais do que disposto a dar a ele.

 Nico era uma pessoa a ser amada, que precisava disso mais do que respirar. Nico era uma pessoa a ser cuidada, o que eu sempre fui craque em fazer. Nico era uma pessoa a ser salva, o que eu me preparei a vida toda pra fazer.

 Nunca fui um herói como Percy e Jason, que combatem monstros e derrotam um deus após o outro. Minha principal habilidade não é lutar fisicamente, mas emocionalmente pelas pessoas as quais eu me importo. Eu sou um curandeiro e sou um ser humano. Nico precisava de cura e de um amigo de verdade, alguém que pudesse amar e amá-lo sem restrições.

 Ele nunca percebeu antes, mas eu sempre estive disposto a ser tudo isso. No fundo, eu também precisava de alguém que me enxergasse de verdade, que me valorizasse e me amasse. Eu precisava de Nico tanto quanto Nico precisava de mim.

 


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