Eu era pequeno demais pra entender o que estava acontecendo, mas realmente me sentia apegado ao novo lar. Eu era pequeno demais pra entender o que era o que era a morte. Eu era pequeno demais pra entender o que era perder a mãe. Eu era pequeno demais pra entender o que seria um orfanato. Eu era pequeno demais pra entender o que era ser adotado.
Quando eu cresci e tive maturidade o suficiente para entender a triste realidade do meu passado, meus pais (adotivos) me contaram. Percy e Annabeth foram compreensivos e corajosos. Ambos me deram todo o amor do mundo e sou grato por isso. Sempre foram presentes, compassivos e disponíveis pra tudo.
Eu tive uma excelente infância. Fui muito amado e feliz. Somente eu, meus pais e... meu gato de estimação. Acho que vou ter que dar uma atenção especial a esse gato, ao que ele representava pra mim.
Nico é o nome que dei a ele. Pelagem escura como o céu noturno sem estrelas e olhos de um marrom tão profundo que eu me via hipnotizado. Annie achou-o miando e rosnando pra quem se aproximasse, em um beco. Ele era tão pequeno, como eu era quando minha mãe biológica morreu. Annie ficou com pena e o trouxe pra casa, as mãos cobertas de arranhões e filetes de sangue.
Percy e Annabeth conversaram muito, concordando em anunciá-lo pra doação. Mas... Assim que aquele gatinho e eu, uma criança de quatro anos, nos olhamos pela primeira vez... Conexão instantânea. Fui até ele e delicadamente o peguei pelos "sovacos" dele.
— Qual é o seu nome? — Perguntei, fora de órbita e absolutamente encantado.
Annie nos observava, inicialmente com medo de que o gato me arranhasse, mas ele parecia tão em transe quanto eu. Seus olhos brilhavam e ele ronronava. Soltou um miadinho doce, se inclinando pra cheirar meu rosto avidamente.
— Meu nome é Will. — Ele me deu uma mordidinha no queixo. — Vou te chamar de Nico.
Nico miou, aprovando seu novo nome. Ele era tão fofinho que eu queria apertá-lo, mas não fiz isso com medo de machucá-lo.
— Parece que o gatinho já tem uma nova casa, sabidinha...
Ouvi um suspiro satisfeito enquanto colocava Nico no chão e me sentava perto dele.
— Parece mesmo.
Desde aquele dia, nunca me senti só.
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