Impróprio -- Capítulo Um



 Aviso: ABO, coisas explícitas, uma possível pedofilia (é na verdade), sangue e insinuações de sexo durante a série. Se não gosta do shipp e nem das coisas citadas, favor de se retirar e ir ler outra coisa. Obrigada! Boa leitura!





Esta é a história de amor entre duas pessoas do mesmo gênero, mas de idade muito diferentes. Um desses é Sai, um garoto normal de 16 anos no colegial. O outro se chama Tenzo Yamato, um dos professores de Konoha High School e o professor principal de aulas práticas da faculdade de Agricultura e Ecologia.

 Pois é. Muito diferentes. Idades, hobby's, passatempos, famílias, jeitos e personalidades bastante "oposta" para não repetir palavras e adjetivos aqui. Como duas pessoas tão diversas poderiam se relacionar afetivamente? Bem, isso é o que iremos descobrir, então... Siga-me e tente acompanhar, está bem?



 


 Era só mais um dia em Konoha, como qualquer outro que Sai já viveu. Ele acordou, se arrumou para a escola e saiu apressadamente. Tinha verificado todos os materiais noite passada e sabia que nada estava faltando. Não havendo com o que se preocupar, se dirigiu para um pequeno café, uma quadra perto do colégio.

 Em uma das mesas ao ar livre estavam Sakura, Naruto, Sasuke e Shikamaru. Seus amigos lhe cumprimentaram, pediram um café quente pra ele e um muffin. A rosada deu um bom dia curto para o moreno menor e começou a contar um plano simples que tinha para o fim de semana: Finalmente chamar Hinata pra sair.

 Sasuke bufou, desdenhoso.


一 Você gosta dela há anos e nunca fez nada a respeito. Por que tomaria uma atitude logo agora? 一 Questionou ele, sendo rude, ou seja, o de sempre.


 Sakura não fez uma carinha muito contente com aquela afirmação. Começou a brincar com os próprios dedos e a catar um guardanapo para amassar e rasgar, nervosa. Era raro vê-la assim, então algo devia estar incomodando ela de verdade. Shikamaru bocejou ao lado dela, como se já soubesse a resposta.


一 Karin chamou Hinata para sair faz mais de uma quinzena e a garota rejeitou. Isso está deixando Saky maluca 一 O Nara explicou, pondo as mãos nos bolsos.


 A única menina do grupo não negou nada, apenas abaixou a cabeça, ficando ainda mais envergonhada e nervosa.


一 Ela deu um "não" até pra Karin. Por que não me dispensaria também? 一 Ela murmurou, cabisbaixa.


 Naruto estava comendo um burrito e disse, de boca cheia:


一 A questão aqui é: Por que ela não aceitaria? 一 Ele mastigou mais um pouco e balbuciou as palavras 一 Você é uma das alfas mais respeitadas do colégio inteiro desde o sétimo ano, é bonita, inteligente e muito madura. Não vejo por que ela não tenha uma queda por você também.


 Sai olhou para o amigo com aprovação. O loiro sabia como usar cada sílaba para elevar a autoestima de uma pessoa como ninguém. Saky pareceu muito melhor de ouvir aquilo e sorriu despreocupada para o ômega.


一 Obrigada, Naruto!


 Ele engoliu seu burrito tão rápido antes de responder que o moreno menor teve dificuldade de enxergar ele mastigando.


一 Disponha, Saky-Chan!


 Sasuke franziu a testa, obviamente intrigado.


一 Para onde vai toda a comida que você come, Naru? Esse é o sexto burrito que você comeu em menos de vinte minutos.


 Shika se espreguiçou e evitou um bocejo.


一 Eu me pergunto a mesma coisa desde o jardim de infância.


 Ao verem alguns alunos de outras turmas da mesma escola que eles, o grupo pagou a conta no café e saíram apressados. Ficaram conversando sobre as tarefas que teriam que fazer e Sakura até comentou sobre uma peça que a escola queria proporcionar para os pais e alunos em comemoração aos 118 anos da escola.

 Ainda não tinha nada previsto, mas avisariam assim que tudo fosse determinado pela direção e pela coordenação. 

 Enfim, nada de muito interessante a partir daí. As aulas foram normais, como sempre. E quando todo mundo achava que nada de especial ia acontecer, eis que um professor diferente entra na sala após a aula de Sociologia. Os outros estudantes ficaram cochichando a respeito dele depois que chegou.

 Ele é alto; forte mas não musculoso; tinha cabelos castanhos e olhos escuros, profundos. De cara, Sai sentiu uma pequena centelha queimar em seu interior. Nunca tinha visto aquele homem antes, mas sua mente já tinha assimilado que ele é extremamente bonito e parece muito reservado e educado.

 Uau, pensou o garoto. Quem será esse cara?

 Atrás de si, Shikamaru o cutucou com um lápis. Ao se virar, viu que o amigo estava com os pés cruzados em cima da mesa, com uma cara de sono, mas parecia não conseguir dormir, ou talvez estivesse se esforçando para isso não acabar acontecendo, já que na última vez, a sra. Nara precisou comparecer na direção depois do ocorrido.


一 Dá pra parar de babar na carteira? Eu sei que esse cara estranho deve ter te deixado com fogo no cu, mas segura aí ou alguém além de mim vai perceber 一 Sussurrou o garoto.


 Sai sentiu seu rosto pegar fogo. Estava tão explícito que tinha ficado interessado? Espera aí, Shika estava lhe observando? Era melhor se recompor, antes que, como o Nara falou, notassem seu breve constrangimento. Ao se virar para frente e tentar se concentrar, percebeu que os olhos negros daquele professor lhe examinavam.

 Todos os cochichos cessaram. Tudo sumiu. Só conseguia ver aquele homem ali e ele, se encarando, como se lessem a alma um do outro. Seu estômago começou a esfriar. O que era essa sensação? Que estranho e... bizarramente viciante. Quando deu por si, algo voou por cima da sua cabeça e caiu dentro do lixeiro da sala, lá no outro lado.

 Shikamaru se debruçou sobre sua mesa e murmurou algo que o moreno a sua frente não conseguiu entender, mas é provável que era só mais um dos muitos resmungos do garoto. Com isso, o contato visual foi cortado e o homem de cabelos castanhos ajeitou sua postura e bateu palmas, pedindo silêncio e a atenção de todos.

 Quando conseguiu o que queria, ele disse:


一 Olá, estudantes. Meu nome é Yamato, sou o novo professor de Geografia das turmas do ensino médio e darei aula para vocês a partir de agora 一 O tal Yamato sorriu ao concluir.


 Yamato... Esse homem...

 Sai ficou fascinado a aula toda, mas na hora do intervalo, estava determinado a esquecer aquilo de uma vez. Mal tinha falado nada e seu coração já palpitava feito louco dentro do peito. Shikamaru, ao perceber que o amigo estava pensando sobre, sorriu com divertimento e uma pitada de malícia.

 O de pele alva lançou-lhe um olhar que dizia "conversaremos mais tarde". Ninguém mais pareceu notar, nem Sasuke, o que foi um grande alívio para o menor. Mas por que tanto medo? Por que tanto receio? Isso é algo pra se contar depois. Enfim, quando o Nara percebeu que não tinha mais alguém olhando e viu que o amigo tinha saído pra ir no banheiro, foi atrás.

 Interceptou-o quando ele saiu do cômodo e o puxou para um dos corredores mais parados do colégio. Obviamente, o garoto que foi arrastado por dois andares seguidos reclamou, já que Shikamaru estava apertando seu bíceps com força. Logo que Shika o soltou, começou a protestar e a dizer que deveriam descer, pois as próximas aulas eram lá embaixo.


一 Sim, eu sei, sr. Pincel de Pena 一 Bufou o alfa, passando as mãos pelo rosto enquanto mentalmente contava até dez 一 ...mas temos outros assuntos a tratar antes da aula de Mídia, não acha?


 Sai corou imediatamente. Não queria falar daquilo tão cedo, mas não viu outra escolha.


一 O que você quer, Shikamaru? 一 Perguntou, de braços cruzados e irritado.


一 A verdade. Você sentiu alguma coisa diferente quando viu o Yamato-sensei?


 O moreno menor mordeu o lábio inferior, temendo que o amigo o julgasse. Em seu interior, sabia que sim. Nunca tinha sentido nada parecido, nada tão intenso antes. Então, só assentiu, completamente envergonhado com o que estava admitindo para o amigo. Shika começou a coçar o queixo, mas não disse nada.


一 Hum... Você já sentiu algo parecido quando namorou com a Ino?


一 Não.


 Isso mesmo, meus caros. Sai tinha onze anos quando namorou com Ino Yamanaka, antes de saber seu segundo gênero. Quando completaram treze e a loira descobriu que era uma ômega e o namorado não recebeu nada, pensaram que ele era um beta. Apenas aos 15 ele soube que era um ômega também e o relacionamento acabou em raiva e drama.

 Sai gostava da garota, mas não tanto assim. Seu coração não batia tão forte quanto estava batendo após a entrada de Yamato na sala. E tinha certeza que era por causa dele que sentiu tudo isso de repente. Não era nada fácil admitir isso em voz alta, portanto, apenas negou com a cabeça quando Shikamaru lhe perguntou se já tinha visto o professor antes.


一 Amor a primeira vista, ein? 一 Murmurou o Nara, cético 一 Muito bem. Pode ser coisa de momento, puberdade e tal.


 O moreno menor duvidava, mas assentiu, ainda envergonhado.


一 Ou talvez você tenha se apaixonado mesmo 一 Shika bateu de leve no próprio queixo algumas vezes, considerando.


 Sai já não sabia o que pensar. Era pra ser um dia normal, como qualquer outro, não deveria estar se interessando por um homem mais velho e muito gostoso. Não!, se repreendeu o ômega. Não pense nisso! Você não pensar em algo tão impuro sobre alguém nem fazendo um dia que conhece a pessoa!


一 Se eu fosse você, tentaria me aproximar, pra ter certeza de que não é apenas uma coisa da sua cabeça ou algo passageiro.


 O moreno mais baixo quase engasgou com a própria saliva.


一 Você enlouqueceu?!?


 Shikamaru pôs uma mão sobre sua boca, evitando que mais um grito ecoasse pelo corredor. O Nara levou o dedo aos lábios, pedindo silêncio, e se afastou devagar, sem movimentos bruscos. Sai queria ter uma corda de varal para poder enforcar o amigo por aquela ideia estúpida. Se aproximar como? Ele estava louco?


一 Não grite. Foi só uma sugestão. Claro que a aproximação seria de mansinho, pra ele não perceber. Não precisa surtar desse jeito 一 Reclamou o de cabelos espetados.


一 Não seja ridículo, Shikamaru 一 Bufou Sai, desesperançoso 一 Yamato-sensei é muito, muito mais velho que eu. Mesmo que eu siga sua dica, não teria a menor chance. Ele deve nos achar crianças.


 Shika começou a balançar a cabeça de leve, bem de leve, em concordância, mas não disse nada. Seu rosto se iluminou com um meio sorriso confiante, como se ele soubesse todas as respostas de uma prova difícil antes que ela fosse anunciada pela professora de Biologia. Shika sempre foi muito inteligente e o ômega sabia que ele estava aprontando.


一 Ou... 


 O Nara o olhou com um sorriso de quem tinha uma outra ideia brilhante. Sai sentiu um calafrio na espinha. Aquilo não lhe soava nem um pouco bom. Na maioria das vezes, o de pele mais alva confiava no amigo, mas quando se tratava de assuntos que o interessassem, sai de baixo.

 Shikamaru alargou ainda mais seu sorriso, contente.


一 Eu tenho um plano.


 E fudeu....






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